quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ECLESIASTES

Todas as manhas nascem para morrer
Como as ondas que se espraiam...

Sol a pino, sombras inertes por um instante
Logo se inclinam, pois, o sol em seu rompante
Caminha, grau ante grau, na direção do poente.

Aurora e poente apresentam a mesma beleza
A mesma brisa perpassante,
o mesmo colorido no horizonte,
o mesmo zumbido nas colméias,

mas tudo é pura ilusão.
Veja que terrível diferença:
As manhas caminham para a luz
As tardes, meu Deus, para a escuridão!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

UM NOVO MANDAMENTO

Não há coisa melhor que ouvir dizer:
Gosto tanto de você!
Ouvir um simples “bom dia”
De alguém que nos saúda com alegria?

Nosso ego sente-se massageado
E um sorriso emoldura nossa face
Coisa melhor não há que um abraço
Quando nos falta carinho e lealdade.

Invejamos “o outro” para ser amado;
Receber os afagos e o carinho
De quem encontramos no caminho
E da nostálgica solidão ser curado.

Aprendi no Evangelho um novo mandato:
Coisa mais importante é amar que ser amado;
Que há mais alegria em dar que receber.
Pois amar dá mais sentido ao viver.
COLECIONANDO FELICIDADES

Pessoas há que colecionam coisas:
Filatélicos selos; Milionários, carros antigos;
Os jovens colecionam amigos
E os idosos, suas ternas lembranças.

Quanto a mim, prefiro colecionar “felicidades”.
Costumo abrir a caixinha de memórias
Para dar polimento à minha coleção,
Uma a uma, sem qualquer distinção.

O momento propício é o do entardecer,
Quando a azáfama do dia cessa,
A tarde já não tem pressa
E gozo a delicia de nada fazer.

Sentado ali, defronte da janela,
Vendo o sol esmaecer no horizonte,
Ouço o canto dos pássaros em querela
Na magia das cores do poente.

Tudo isso vem ao pensamento
Emoldurando esse precioso momento.
Então, tomo a “flanelinha” da mente
E as passo a polir até ficarem reluzentes.

Por fim, passo a contá-las
E noto que se multiplicaram
Desde a última vez que as contei.
As pequeninas são as mais brilhantes
E me comovem até às lágrimas;
Outras provocam apenas um leve sorriso
Mas todas são preciosas para mim
Sabem por que?
Porque foram vocês quem m´as deram.

Verão de 2003