quarta-feira, 24 de outubro de 2012

DIANTE DO ESPELHO




Quanto estou diante do espelho,

Quem está a olhar para mim? O que vejo?

Vejo uma imagem imperfeita de mim mesmo.

Refletida na moldura do espelho.



Quem é este que tanto me espreita?

Por que imita meus gestos e mostra meus defeitos?

Por que me olha em tom de censura,

Fazendo-me sentir culpado de minha postura?



Já não faz diferença entre a noite e o dia.

Tudo igual, no rosto, sempre o mesmo olhar.

É como se estivesse a perguntar:

E então, José? E agora, Maria?



Antes não era assim. O espelho oval

Mostrava-me um ser alegre e jovial,

Cabelos penteados a moda da época,

Olhos exigentes, atentos à perfeição

E um olhar sublime de aprovação.



Quando jovem, gastava tempo no espelho,

Pois me sentia feliz e confiante

Era o meu melhor amigo e confidente,

A quem costumava pedir conselho.



Hoje, já não sinto prazer em estar diante dele.

Não quero mais ouvir suas “mentiras”

Quando mostra as rugas próprias de minha idade,

E me faz consciente de minha senilidade.



Espelho, espelho meu!

Responde com sinceridade:

Este homem que eu vejo, sou eu?



Besaliel F Botelho

Agosto de 2012

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