quinta-feira, 19 de julho de 2012

O PRISIONEIRO



Pela grade da janela da cela, vejo o céu,

Tão azul, tão límpido, tão belo!

E sobre o telhado avermelhado do presídio,

Uma palmeira agitada pelo vento

Sacode suas longas palmas.

Visão única do mundo lá de fora.



Empoleirado na cornija do telhado,

Um pássaro previdente,

Prenunciando chuva e frio,

Impermeabiliza suas penas,

Termina seu rito de acasalamento

E alça vôo livre para o infinito.



O sol, emoldurado pela grade de ferro

Faz tudo parecer quadrado.

E a sombra do telhado projetado

Nas paredes da cela fria

Marca os últimos momentos do dia.



Picado pela mosca do ideal e da razão

E por querer libertar o povo da opressão;

Condenado pelos pecados de usar a pena,

Pintar o rosto e protestar na arena;

Fizeram-me prisioneiro de meus sonhos.







Besaliel F. Botelho



Em memória do poeta Paul Verlaine

Inverno de 2012

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