O PRISIONEIRO
Pela grade da janela da cela, vejo o céu,
Tão azul, tão límpido, tão belo!
E sobre o telhado avermelhado do presídio,
Uma palmeira agitada pelo vento
Sacode suas longas palmas.
Visão única do mundo lá de fora.
Empoleirado na cornija do telhado,
Um pássaro previdente,
Prenunciando chuva e frio,
Impermeabiliza suas penas,
Termina seu rito de acasalamento
E alça vôo livre para o infinito.
O sol, emoldurado pela grade de ferro
Faz tudo parecer quadrado.
E a sombra do telhado projetado
Nas paredes da cela fria
Marca os últimos momentos do dia.
Picado pela mosca do ideal e da razão
E por querer libertar o povo da opressão;
Condenado pelos pecados de usar a pena,
Pintar o rosto e protestar na arena;
Fizeram-me prisioneiro de meus sonhos.
Besaliel F. Botelho
Em memória do poeta Paul Verlaine
Inverno de 2012
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